Ricardinho: "Para mim era tudo zona verde"

Ricardinho anunciou a sua retirada do futsal em agosto de 2025, aos 39 anos, depois de uma carreira extraordinária. Foi seis vezes eleito o melhor jogador do mundo — em 2010 e entre 2014 e 2018 —, um feito único na história da modalidade. Capitaneou a seleção portuguesa nas maiores conquistas: o Europeu de 2018 e o Mundial de 2021, os dois primeiros grandes títulos internacionais do país.

O percurso começou em Valbom, depois de um incêndio que destruiu a sua casa e obrigou a família a recomeçar do zero. Foi lá que conheceu o futsal, levado por Carolina Silva, a quem ofereceu a camisola no dia da final do Mundial. No início era conhecido como “brinca na areia”, cheio de fintas e criatividade, mas admitiu que só atingiu outro nível quando decidiu ser mais completo e disciplinado.

Para Ricardinho, o futsal atual tornou-se mais tático, perdendo alguma da irreverência que marcava os seus primeiros anos. O antigo jogador recorda com nostalgia a forma livre como jogava: “Na minha altura falava-se muito zona vermelha, amarela e verde, mas para mim era tudo zona verde, era zona de diversão.”

Ricardinho admite que hoje há menos dribles e jogos cheios de golos, consequência de um jogo mais exigente e formatado desde cedo, mas, ainda assim, acredita que o talento existente permite olhar para o futuro com otimismo e confiança.

Na sua passagem por Espanha enfrentou desconfiança, mas provou o valor do talento português. Orgulha-se da evolução da formação em Portugal e da mentalidade vencedora das novas gerações. Lamenta, contudo, que o futsal atual tenha perdido alguma irreverência por causa das exigências táticas.

E lembrou a emoção no adeus à seleção portuguesa, após conquistar o Mundial: “Foi o melhor momento da minha carreira liderar aquele grupo. Espero agora chorar no sofá com novas conquistas de Portugal”.

O “Mágico” deixa um legado feito de golos, títulos e paixão, que ajudou a transformar o futsal português e mundial.