Tiago Pinto: “É importante estar rodeado de ex-jogadores”
Notícias 11 Out 2025

Tiago Pinto: “É importante estar rodeado de ex-jogadores”

Com o futebol a acompanhar a evolução a nível mundial, qual é, atualmente, o papel de um diretor desportivo? Dois profissionais de topo deixaram pistas, no Portugal Footbal Summit. “É importante estar rodeado de ex-jogadores. A função de diretor desportivo mudou muito nos últimos 15/20 anos. Agora é bem mais complexa. Temos de falar várias línguas e reunir com as diversas partes interessadas, desde presidentes a responsáveis de clubes, até advogados. Temos de ser líderes e gestores de pessoas a nível técnico e empresarial”, observou Tiago Pinto.

Também Gokhan Inler, da Udinese, clube que representou como jogador, admitiu que a realidade é, agora, bem diferente da de um passado não muito distante: “Concordo com o Tiago, é importante estar rodeado de ex-jogadores. Pendurei as botas em maio de 2024 e logo a seguir assumi função como diretor desportivo, depois de obter a licença, obrigatória em Itália. A experiência de ser ex-jogador ajuda muito.”

Também no que respeita aos critérios de escolha de reforços, ambos estão em sintonia. “Os dados estatísticos são importantes, temos um departamento dedicado a esse tema, mas só isso não chega”, atirou Tiago Pinto, complementado por Gokhan Inler: “Não podemos descurar a mentalidade, nem todos têm uma mentalidade forte. Olhamos, também, à vida privada do jogador, se, por exemplo, é estável.”

Sendo um Bournemouth “um clube familiar”, qual a estratégia de recrutamento do clube? “A decisão de contratar é conjunta, com o proprietário do clube, o treinador, eu e mais um diretor. Temos estratégia clara, pese os resultados do fim de semana. Mais importante do que contratar o novo Messi é saber quem estamos a contratar. Para esta época, perdemos cinco titulares e 11 jogadores. Fizemos um bom recrutamento. Alinhado com ADN do clube e com o treinador [Areola], que é de topo.”

Na Udinese, Gokhan Inler salientou a importância de ter “uma base sólida”, já que o clube está habituado a transferir os melhores no final da cada época. “Tentamos contratar jovens talentos. Os jogadores têm de perceber que quando chegam à Udinese chegam a um campeonato muito competitivo. Caso percebam isso, alguns conseguem dar o salto para outro patamar competitivo. Depois, tento manter um contacto diário com os jogadores, cumprimentá-los, olhá-los nos olhos. Esse é o primeiro filtro. Depois, falo futebolês…”

Já com passagens por Portugal (Benfica), Itália (Roma) e Inglaterra (Bournemouth), Tiago Pinto traçou as diferenças culturais e desportivas entre essas três realidades: “Em Portugal, trabalhei para o maior clube do mundo. Culturalmente, Portugal e Itália são muito parecidos, mas aqui há a figura do presidente e lá a do dono/proprietário. Em Inglaterra, é diferente. Apoia-se o futebol, claro que os resultados interessam, mas em Portugal e Itália é diferente. Podia ser arrogante e dizer que sou o melhor do mundo, mas não, digo apenas que trabalho muito, muito mesmo. Dou sempre mais do que 100 por cento. Quando era mais jovem queria saber tudo e mais alguma coisa. Hoje, é diferente. O balneário pertence aos jogadores, é o espaço deles”.

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